quarta-feira, abril 07, 2010

Envelhecer quase dez anos

A MEIGUICE DOS UTENTES DO CENTRO DE SAÚDE, UNS QUERIDOS :P
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Já é a 2ª vez... Começo a achar que os espelhos que tenho em casa estão a precisar de conserto...
Então não é que hoje volto a ouvir a mesma conversa (um dia ainda me dizem que estou muito bem conservada para a minha idade loooooooooool)?
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- A menina é mesmo novinha... Quantos anos tem?
- Quantos anos é que a senhora me dá (é sempre bom ver que ficam atrapalhados quando passamos a bola para o lado deles :P)?
- Ou muito me engano, ou deve ter uns 35 anos, que é a idade do meu neto do meio. Acertei, não acertei?
- Acertou em cheio, disse eu, a achar a conversa engraçada loool.
- Pois é, eu nisto das idades nunca falho! Já são muitos anos, menina...
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E pronto. Tenho rugas, pelos vistos e ar cansado semelhante a uma sujeita de 35 anos e com montes de complicações na vida.
O espelho é que ainda não mostra nada loool
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(sim... ao fim de algum tempo voltei a escrever :P)
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sábado, abril 03, 2010

Ando com uma vontade...


Alguém me acompanha na vontade (e já agora na viagem)?

Ginecologia - Obstetrícia

E no primeiro dia desta rotação dou de caras logo com dois dramas:

1- uma senhora velhinha velhinha com cancro do útero a suplicar para não ter alta durante a páscoa porque no hospital "era tratada como uma rainha".

2- uma miúda mesmo miúda internada com "retenção de produtos de abortamento" por abortamento provocado num vão de escada aos 5 meses de gravidez.


Here we go...


(A parte boa é que as orientadoras/tutoras/médicas que sabem bués são meiguinhas, docinhas, queridas e tal e eu sinto que vou aprender muito por aqui).

domingo, março 21, 2010

Férias :)

Mal posso esperar por estar deitadinha a preguiçar nesta piscina..


Ou na praia mesmo ali em baixo..

sexta-feira, março 19, 2010

Juro que não sou uma vendida...


... mas a verdade é que não devo necessitar de comprar material de escritório durante longos meses com tamanho arsenal que acumulei nos últimos meses da indústria farmacêutica.

quinta-feira, março 18, 2010

O Sr Hilário

O Sr Hilário é um senhor de 82 anos muito conhecido na cidade costeira onde vive. Foi barbeiro. Daqueles à moda antiga, muito educado e cavalheiro, que sabe conversar sobre qualquer assunto sem sobranceria. O Sr Hilário tem cancro da próstata terminal. Sempre que vem ao Centro de Saúde fala sobre os tratamentos no IPO, ou melhor, sobre a ausência deles ("A Sra doutora já apontou aí no computador que eu fiz aquela hormona não foi?" "Já não estou a fazer mas é melhor estar assente aí não vá ser preciso voltar a fazer.."). No rosto está sempre uma pergunta que não faz, uma pergunta iminente silenciosa: "Por que será que já não faço tratamentos?". A pergunta não é feita. Mas penso que a resposta salta nos meus olhos porque o Sr Hilário olha para o chão e diz: "Não é preciso a Sra doutora passar as credenciais para o transporte de ambulância. Ainda não recebi nenhuma carta para ir à consulta do IPO. Já não vou há algum tempo. Devo estar a ser chamado não é Dra?" Sorrio e remexo nos papéis. Sinto que a minha expressão facial está a ser estudada ao pormenor. Tento abstrair-me. Na minha cabeça apenas o conselho da minha orientadora " O Sr Hilário não reagiu bem à notícia da doença. Tentou cometer suicídio. Com uns comprimidos da filha. Esta a ser seguido na psicóloga do IPO. Não sei se já sabe que não vai fazer mais tratamentos. É melhor serem eles a dar a notícia." Respiro fundo e refugio-me nas perguntas habituais. "Precisa de medicação? E a diabetes? E as tensões?" O ambiente alivia e retorno com cuidado a terreno difícil. "E a família? A sua filha vem dormir lá a casa de noite? Não? E as suas netas? Também não? E é o senhor que cozinha? O que acha de eu falar com a sua filha para ela ir lá dormir?" Do outro lado apenas um suspiro e uma frase apenas " É complicado". Volto a olhar para a pilha de papéis. Na minha frente uma vidraça mostra um pedaço de relva colonizado por uma família de melros. O Sr Hilário continua a olhar para o chão. E eu regresso às perguntas. "E as suas costas como andam?" O Sr Hilário faz um esgar de dor e diz que mal. Na minha cabeça a ideia metástases ósseas e dor começa a agoniar-me. Prescrevo um analgésico forte. Com codeína. Mas sei que não chega. É preciso falar com alguém superior que saiba prescrever algum derivado da morfina. O Sr Hilário sai curvado do consultório. Entra a minha orientadora em silêncio. Uns minutos em silêncio. Mexemos em pedidos de receita, organizamos alerts (pedidos de consulta) sempre em silêncio. "Qualquer dia o Sr Hilário atira-se para a linha do comboio" desabafa a minha orientadora. A cara dela é o espelho do desalento. E eu volto a sentir-me agoniada. Eu sei que o Sr Hilário está perto disso.

terça-feira, março 16, 2010

Conversa entre dois médicos de Saúde Pública

Médica A- Ó S quando estás de óbitos?
Médica S- Porquê?
Médica A- Precisava que trocasses comigo e ficasses de óbitos na semana santa.


"Estar de óbitos" a expressão médica mais macabra que passei a conhecer recentemente.

sábado, janeiro 30, 2010

Perdi a cabeça


E comprei este conjunto de sapatos e carteira para a minha mãe. :)

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Ainda os sapatos



quinta-feira, janeiro 28, 2010

Ideias mirabolantes

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À tarde, cá no serviço de Obstetricia, há sempre muitas visitas.
Todos querem ver o bebé que nasceu, omitindo, porém à mãe, o quão enrugado, mole e estranho o seu rebento é.
E há sorrizinhos, flores e montes de parabéns. E as coitadas merecem, após passarem pelo Sofrimento, ao qual muita gente apelida de "parto".
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Aqui vai a minha sugestão para se diminuir as visitas e as mamãs poderem descansar mais e terem tempo de pensar nos milhões de fraldas que vão ter de mudar e no cheiro a cócó que as espera:
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domingo, janeiro 10, 2010

Para a Barrinhos IV




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Para a Barrinhos



Para a Barrinhos I



Encontrada em frente à porta de casa do Light-Boy. Precisa de muito amor e carinho e uma casa... Barriiiiiiiiiiiiiinhos?? Didiiiiiiiiiiiiiii? Ritaaaaaaaaaaaaaaaa? Please? Someone!

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Começar II

Não tenho jeitinho nenhum para estes primeiros dias. Comigo há sempre um período de habituação nunca infeiror a 2 meses.